Encontro-me numa fase da minha existência em que posso lançar um olhar sobre o passado. A minha alma amadureceu no crisol das provações exteriores e interiores; agora, como a flor fortalecida pela tempestade, volto a erguer a cabeça e vejo que em mim se realizam as palavras do salmo XXII: — «O Senhor é meu Pastor, nada me faltará. Ele me faz descansar em pastagens agradáveis e férteis. Conduz-me suavemente ao longo das águas. Conduz a minha alma sem a fatigar… Mas mesmo que descesse ao vale [3vº] da sombra da morte, não temeria nenhum mal, porque Vós estaríeis comigo, Senhor!...». O Senhor sempre foi compassivo e cheio de bondade para comigo… Tardo em castigar e abundante em misericórdias!... (SI. CII, v. 8).
(Teresa de Lisieux, in 'História de uma Alma', Ms A 3vº, — Alençon (1873-1877), Canta as misericórdias do Senhor)