2.9.13

Sonhava com o Céu…

Nunca acabaria, se quisesse contar mil pequenos episódios deste género que me ocorrem em multidão à memória… Ah! como poderei relatar todas as ternuras que o «Papá» prodigalizava à sua rainhazinha? Há coisas que o coração sente, mas que nem a palavra, nem sequer o pensamento conseguem transmitir…

Eram dias belos para mim, aqueles em que o meu querido rei me levava à pesca com ele. Gostava tanto do campo, das flores e das aves! Às vezes tentava pescar com a minha pequena cana; mas preferia ir sentar-me, sozinha, na erva florida. Então os meus pensamentos eram bem profundos e, sem saber o que era meditar, a minha alma mergulhava numa verdadeira oração… Ouvia os ruídos longínquos… o murmúrio do vento e até a música vaga dos soldados, cujo som chegava até mim, melancolizavam ternamente o meu coração… A terra parecia-me um lugar de exílio e sonhava com o Céu…

(Teresa de Lisieux, in 'História de uma Alma', Ms A 14vº, — Nos Buissonnets (1877-1881), Delicadezas do Papá)

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